quinta-feira, 3 de março de 2005

"MEU NOME É ANDRÉA"

Para Andréa, tudo na vida era um banquinho e um violão. A menina mal humorada encontrava inspiração nas músicas da cantora Ana Carolina para montar seu repertório. Andréa é cantora de barzinho.

Ela sempre se apresenta com seu jeans surrado. Com vergonha das fartas curvas de seu corpo, investe em camisa masculina xadrez. Seu figurino é tudo bem folgado. Andréa também adora bota cow-boy gasta no bico. Seu cabelo é curto e espetado, mas reserva uma surpresa na nuca: mullet. O rabinho é enrolado, mas discreto.

A artista não gosta que seu público, durante as apresentações, interfira no repertório previamente montado. Mas atende pedidos de músicas de Joanna, Adriana Calcanhoto, Cássia Eller e Pitty. Às vezes, ela abre excesão para Simone, mas sempre no Natal. Charllie Brow Júnior também é lembrado, assim como Cazuza.

Entre uma música e outra, um gole de cerveja. Um trago em seu Mallboro vermelho credita algum status. Andrea tem cecê. Para disfarçar, esquichos genreosos de almíscar ou alma de flores. Sempre da Avon.

Hoje é aniversário de Andrea. Sua família preparou uma festa surpresa. Reuniu algumas amigas, todas estranhas e encalhadas, comprou o bolinho e uma "vaquinha" garantiu o presente.

A aniversariante não disfarça o sorriso amarelo ao ouvir o "parabéns pra você". Nervosa e sem jeito, seu tique nervoso aumenta. Não consegue parar de esfregar a mão no nariz. Seus óculos de acetado embaçam sempre. Ela cumprimenta um a um com tapinhas nas costas. Chega o momento do presente. Andréa jura que é o novo cd da Maria Bethânia que falta em sua coleção, mas se surpeende ao abrir o pacote. É um quite de maquilagem.

Neste momento Andréa desfere o primeiro golpe de seu canivete em sua mãe. Outras três punhaladas atingem irmã, pai e cunhado, respectivamente. Andréa está presa.