terça-feira, 28 de março de 2006

PIADAS MORIMBUNDAS

Sou a favor, definitivamente, da eutanásia de piadas com câncer. São conjuntos de palavras que há séculos resistem hospedadas em seres desprovidos de informação e que se cercam de idiotas para submergir na lama. Se a boa intenção de um “é pra ver ou pra comer” arranca um sorriso amarelo, por dentro, pelo menos no meu caso, implanta uma úlcera hemorrágica em fase terminal e desprezo total ao ensaio de candidato a humorista.

As piadas com câncer passeiam pelo “sinal para parar o metrô” ao “esse aí quando nasceu o médico bateu foi na cara”. Vão com a maior cara-de-pau de “se eu cozinho é meu?” a “tem horas pra dar?”. Divagam sorrateiramente entre “é a cara da mãe, mas o importante é ter saúde” a “cuida do espírito porque o corpo já deu perda total” [referente a problemas flatulentos].

Quando sou vítima de uma piada com câncer a primeira cena que me vem à cabeça é um grupo de gostosas desfilando em frente a um banco de praça onde está um senhor que usa calça-do-saco-dividido, pai de um homossexual loiro wanna be e que há 10 anos tenta terminar de ler um informe publicitário da Tele-Sena. Que desliguem os aparelhos, já que a morte cerebral está constatada.

*post dedicado à Fefig, Kurrina Mafiosa e a um leitor que pediu pra não ser idetificado.